Passageiros com celulares descarregados serão impedidos de
embarcar para os EUA.
Aparelhos eletrônicos serão testados antes de entrar na aeronave
para ver se contêm dispositivo explosivo
Passageiro passa pelo detector no aeroporto de Los Angeles, na
Califórnia- DAVID MCNEW / AFP
WASHINGTON — O temor de que a al-Qaeda tenha desenvolvido uma
“nova geração” de bombas não-metálicas indetectáveis nos aeroportos fez com que
os Estados Unidos endurecessem o controle de segurança em voos ao país.
Com a mudança, passageiros com destino ao território americano
poderão ter que deixar o celular ou o computador para trás ou serem impedidos
de embarcar caso o aparelho esteja descarregado. As novas diretrizes foram
anunciadas pelo Departamento de Transporte americano e devem começar a valer em
poucos dias, no primeiro estágio aplicadas a voos provenientes de Europa e
Oriente Médio.
Os aeroportos de Heathrow e Manchester, no Reino Unido, já
advertiram aos passageiros que não será permitido o embarque de qualquer
equipamento eletrônico com a bateria descarregada. Autoridades francesas e
belgas também alertaram os usuários a preverem um tempo adicional no embarque,
levando em conta as novas medidas. O objetivo é que os equipamentos possam ser
testados, e assim se comprove que não seriam um dispositivo explosivo.
O temor dos EUA é de que terroristas com passaportes europeus
que lutaram na Síria, por exemplo, possam embarcar com os dispositivos. E como
eles não precisariam de visto para viajar para os Estados Unidos, levantariam
menos suspeitas. A ameaça estaria sendo discutida na Casa Branca ao longo das
últimas duas semanas. Segundo agentes de Inteligência americanos, membros da
al-Qaeda na Síria (a Frente al-Nusra) e no Iêmen podem ter desenvolvido bombas
implantadas em telefones, que teriam chance de burlar as medidas de segurança
existentes. Na semana passada, celulares das marcas Apple e Samsung tiveram
atenção especial durante as verificações de segurança para os passageiros de
voos diretos com destino aos EUA, provenientes da África, Europa e Oriente
Médio.
TRIAGEM ADICIONAL
“Se o seu equipamento não ligar, ele não terá a entrada
permitida na aeronave”, adverte o comunicado do Departamento de Transporte
americano. “Durante o exame de segurança, os agentes também poderão pedir que
os proprietários liguem alguns dispositivos, incluindo telefones celulares. O
viajante pode passar por uma triagem adicional”.
A nota não esclarece o que será feito com os aparelhos retidos —
se serão descartados ou armazenados no aeroporto, por exemplo — ou a duração da
medida de segurança adicional, que deve entrar em vigor no domingo. Com isso,
passageiros poderão ter inspeções extras a calçados e eletrônicos e passar mais
vezes pelos detectores de vestígios de explosivos. Em alguns casos, também
haverá mais uma etapa na triagem em portões de embarque.
Segundo o secretário americano de Segurança Interna, Jeh
Johnson, a nova medida tentará reduzir os riscos em aeroportos no exterior. Por
enquanto, elas não serão implantadas nos terminais domésticos americanos, e
ainda não se sabe que outras regras poderiam ser estabelecidas para governos
estrangeiros, companhias aéreas e empresas de segurança privada. Washington tem
autoridade legal para incentivar governos estrangeiros a aumentarem os
controles nos aeroportos, caso eles tenham rotas aéreas diretas para as cidades
americanas.
— Nosso trabalho é tentar antecipar o próximo ataque, e não
simplesmente reagir ao último. Continuamente avaliamos a situação do mundo, e
sabemos que ainda existe uma ameaça terrorista aos Estados Unidos. A segurança
da aviação faz parte disso — afirmou Johnson.
Em outubro do ano passado, a Agência Nacional de Aviação dos
Estados Unidos flexibilizou o uso de dispositivos eletrônicos portáteis a bordo
de aeronaves durante a decolagem e pouso, até então proibida. A única exigência
é de que os passageiros usem seus tablets, telefones e e-books em modo avião, o
que impede as chamadas ou a conexão à internet.
Fonte: O Globo
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